quarta-feira, 28 de julho de 2010

SOUSA, Manuela Gavilanes de


Professora primária, natural de Faro, onde faleceu a 12-11-1953, com apenas 40 anos de idade.
Era muito estimada pelos seus alunos, mas foi o seu belo carácter e as suas raras capacidades de trabalho que a distinguiram no conceito dos seus superiores hierárquicos e mesmo da sociedade farense. Tinha uma sólida formação moral e uma excelente preparação religiosa, pelo que era muito querida e enaltecida nos meios de maior elevação social, sendo mesmo apontada como um modelo a imitar pelas jovens estudantes do magistério Primário de Faro. Razões de saúde, mas também de competência profissional, suscitaram a sua requisição para os serviços de secretaria da Direcção do Distrito Escolar, onde se encontrava à data do seu precoce desaparecimento, o qual causou a maior consternação na cidade.
Era filha de Adelaide de Sousa Gavilanes e de Joaquim Gavilanes Puente, de origem espanhola e já então falecido; tinha como irmãos Joaquina Gavilanes de Sousa, que era assistente social em Olhão, Emílio Gavilanes de Sousa, comerciante, e Fernando Gavilanes de Sousa, que era funcionário superior do Grémio dos Armadores de Pesca da Sardinha, radicado em Lisboa.

SOUSA, Alexandrina da Fonseca Salter de


Ilustre senhora da melhor sociedade farense, assídua frequentadora dos bailes do Clube farense e dos espectáculos do Teatro Lethes, onde se fazia notar pela nobreza da sua postura, soberba elegância e requintada educação.
Creio que era natural de Faro, onde faleceu com 84 anos de idade nos finais de Abril de 1947. Foi casada com Alexandre Salter de Sousa, ilustre oficial da armada portuguesa que depois se dedicou à docência, sendo aliás um dos professores mais famosos do Liceu de Faro. Como matemático foi muito distinto e bastante admirado nos meios da sua especialidade.
A delicada senhora era mãe de D. Amélia Salter de Sousa Belmarço e de Eduardo Salter de Sousa; era sogra do ilustre Vidal Belmarço, director do Banco do Algarve, e avó de Maria Luísa Salter Belmarço Rocheta, D. Maria Alexandrina Salter da Fonseca, do Dr. Manuel José da Fonseca e Fernando Belmarço; era tia de D. Gabriela Fonseca de Bivar, D. Maria Teresa da Fonseca Leal de Oliveira, D. Stela da Fonseca Lã, José Alexandre Eusébio da Fonseca, comandante Henrique Eusébio da Fonseca, capitão Jorge Eusébio da Fonseca e Dr. Manuel Eusébio da Fonseca.

sábado, 24 de julho de 2010

PESSOA, Júlia Chelmicki


Figura notável da sociedade tavirense, que faleceu em Tavira nos princípios de Abril de 1947, com 91 anos de idade.
Era filha do famoso general José Carlos Conrado Chelmicki, que foi um dos militares mais distintos do seu tempo, natural de Varsóvia, que faleceu em Tavira, em 1890.
A ilustre senhora era madrasta de D. Ester Pessoa de Pádua Cruz, na companhia da qual sempre viveu em amor e harmonia, sendo tratada com o maior carinho e desvelo pela ilustre família Pessoa de Tavira, da qual também descende, como se sabe, o poeta da Mensagem.
Era viúva de João Daniel Gil Pessoa e irmã de D. Josefina Chelmicki Samora, residente em Lisboa.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

DRAGO, Inês Maria de Azevedo e Silva


Escritora e poetisa, nasceu em Loulé a 5-6-1860 e faleceu na sua residência de férias em Lagoa a 16-8-1947, com 87 anos de idade.
Descendente de uma das mais distintas e prestigiadas famílias do Algarve, viveu a maior parte da sua vida em Lisboa, onde se distinguiu pela sua esmerada educação e rara eloquência, como dramaturga, poetisa e escritora.
Era filha de D. Maria da Luz de Azevedo e Silva, natural de Loulé e prima de João de Azevedo Lobo, notável oficial do exército que se cobriu de glória nas campanhas de África, falecido em Novembro de 1947 na vila de Lagoa, com 73 anos de idade; e de a Sebastião Drago de Azevedo Lobo, natural de Lagoa onde possuía vastas propriedades e se notabilizou como presidente da Câmara Municipal.
A instrução tradicional a que as meninas do seu tempo estavam sujeitas, isto é, aprender a ler e declamar em francês, pintar, tocar piano e bordar seda, era para a sua flamejante inteligência muito pouco, razão pela qual teve a ousadia de frequentar como ouvinte – já que como aluna lhe estava vedada a inscrição – as aulas da escola Politécnica de Lisboa, o que sendo caso raro foi também uma agradável surpresa para a época, constituindo um exemplo desbravador dos caminhos que as gerações seguintes haveriam de trilhar.
Insatisfeita com a monotonia da vida procurou pacificar a alma no culto das musas, ao mesmo tempo que concentrava a sua erudição na escrita. Assim, deu à estampa em 1892 um drama em quatro actos intitulado A Pátria e o Coração, que teve a honra de ser acompanhado por um ilustre prefácio de Latino Coelho. Também sei que escreveu vários livros para crianças, nos géneros do teatro infantil, fábulas, pequenos contos moralistas e poesias de exaltação dos brios juvenis. Algumas dessas poesias foram musicadas para serem cantadas nas escolas e recreios infantis, sendo muitos dos seus versos decorados por sucessivas gerações. Alguns desses versos e cantigas ainda subsistiam na memória infantil muito depois da morte da sua autora.
A ilustre escritora e poetisa, que tinha o maior orgulho em dizer-se algarvia, conservou-se absolutamente lúcida até ao fim da vida, escrevendo e lendo sem óculos, lembrando-se dos seus antepassados familiares e de muitos episódios da plácida e ronceira sociedade algarvia dos seus tempos de infância.
Era uma verdadeira dama da antiga monarquia, um paradigma de ilustração e de civilidade, um modelo sem paralelo de que já não existem imitações.
Tinha à data da morte ainda um irmão, Sebastião Drago de Azevedo Lobo, que da capital veio tomar contas da herança em Lagoa, e um primo. João de Azevedo Lobo, residente na capital, ambos obviamente já desaparecidos.

domingo, 18 de julho de 2010

PERIER, Brites Pais de Mendonça d’Ayet du



Uma das mais distintas figuras da sociedade farense do seu tempo. Mulher ilustrada e de nobres origens, faleceu em Albufeira, com 78 anos de idade, a 21-12-1928. Viveu no Algarve uma grande parte da sua vida por razões de saúde, visto que sofria de uma pertinaz doença que a perseguiu e torturou durante quase toda a sua longa existência.
Imponente e impressionante dama, que marcava posição em qualquer roda de amigos pela sua relampejante inteligência e sólida cultura, refinada educação, boas maneiras, coração magnânimo de filantropia e benemerência, dotes que herdou das famílias nobres de que era originária. Com efeito, D. Brites du Perier descendia em linha recta dos Barões du Perier, nobres da mais pura linhagem, senhores feudais das ilhas de Hiéres. Era tia-avó de D. Branca d’Ayet de Senna Cabral, de D. Maria Francisca Leotte d’Ayet du Perier e de Luiz Carlos Leotte de Mendonça d’Ayet du Perier, residentes no Porto, mais precisamente na Foz do Douro, e ainda de Casimiro de Mascarenhas Leotte, que se havia fixado em Lisboa.

PASSOS, Maria Joaquina Dias


Era natural de São Brás de Alportel, onde faleceu com 69 anos de idade em 27-12-1921, ao tempo viúva de Bernardo Rodrigues de Passos, um dos comerciantes mais honrados e inteligentes daquela progressiva vila industrial. Era mãe extremosa, mas também muito ciosa da educação dos seus filhos, nomeadamente do poeta Bernardo de Passo e o escritor Boaventura Passos. As suas filhas, de entre as quais se destacava a escultora Rosalina de Passos, casaram-se com Virgílio de Passos, Francisco Romão Carvalho e António Passos Chaves, dos quais era sogra. Era tia do jornalista e escritor José Dias Sancho.
As suas notáveis qualidades humanas evidenciavam-se na forma como tratava os mais desafortunados, nos quais inclusivamente delegou a incumbência de transportarem a sua urna durante um dos mais concorridos funerais daquele tempo, que por sua determinação não teve qualquer pompa nem circunstância.
O seu filho Bernardo de Passos, com quem vivia grande parte do ano, ficou completamente destroçado, não aguentando por muito tempo tão dolorosa separação.