sexta-feira, 23 de julho de 2010

DRAGO, Inês Maria de Azevedo e Silva


Escritora e poetisa, nasceu em Loulé a 5-6-1860 e faleceu na sua residência de férias em Lagoa a 16-8-1947, com 87 anos de idade.
Descendente de uma das mais distintas e prestigiadas famílias do Algarve, viveu a maior parte da sua vida em Lisboa, onde se distinguiu pela sua esmerada educação e rara eloquência, como dramaturga, poetisa e escritora.
Era filha de D. Maria da Luz de Azevedo e Silva, natural de Loulé e prima de João de Azevedo Lobo, notável oficial do exército que se cobriu de glória nas campanhas de África, falecido em Novembro de 1947 na vila de Lagoa, com 73 anos de idade; e de a Sebastião Drago de Azevedo Lobo, natural de Lagoa onde possuía vastas propriedades e se notabilizou como presidente da Câmara Municipal.
A instrução tradicional a que as meninas do seu tempo estavam sujeitas, isto é, aprender a ler e declamar em francês, pintar, tocar piano e bordar seda, era para a sua flamejante inteligência muito pouco, razão pela qual teve a ousadia de frequentar como ouvinte – já que como aluna lhe estava vedada a inscrição – as aulas da escola Politécnica de Lisboa, o que sendo caso raro foi também uma agradável surpresa para a época, constituindo um exemplo desbravador dos caminhos que as gerações seguintes haveriam de trilhar.
Insatisfeita com a monotonia da vida procurou pacificar a alma no culto das musas, ao mesmo tempo que concentrava a sua erudição na escrita. Assim, deu à estampa em 1892 um drama em quatro actos intitulado A Pátria e o Coração, que teve a honra de ser acompanhado por um ilustre prefácio de Latino Coelho. Também sei que escreveu vários livros para crianças, nos géneros do teatro infantil, fábulas, pequenos contos moralistas e poesias de exaltação dos brios juvenis. Algumas dessas poesias foram musicadas para serem cantadas nas escolas e recreios infantis, sendo muitos dos seus versos decorados por sucessivas gerações. Alguns desses versos e cantigas ainda subsistiam na memória infantil muito depois da morte da sua autora.
A ilustre escritora e poetisa, que tinha o maior orgulho em dizer-se algarvia, conservou-se absolutamente lúcida até ao fim da vida, escrevendo e lendo sem óculos, lembrando-se dos seus antepassados familiares e de muitos episódios da plácida e ronceira sociedade algarvia dos seus tempos de infância.
Era uma verdadeira dama da antiga monarquia, um paradigma de ilustração e de civilidade, um modelo sem paralelo de que já não existem imitações.
Tinha à data da morte ainda um irmão, Sebastião Drago de Azevedo Lobo, que da capital veio tomar contas da herança em Lagoa, e um primo. João de Azevedo Lobo, residente na capital, ambos obviamente já desaparecidos.

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