Benemérita protectora dos desvalidos, nasceu em Faro 1863 e faleceu na mesma cidade em 5-6-1942, com 79 anos de idade.
Esta espécie de mãe dos pobres foi a continuadora do projecto nacional engendrado pelo seu irmão, o benemérito coronel Rodrigo Aboim Ascensão, instituidor em Lisboa da «Associação Protectora da Primeira Infância» e em Faro do «Refúgio Aboim Ascensão», hoje designado por «Emergência Infantil», através dos quais pretendeu dar guarida e protecção às crianças abandonadas ou vítimas de maus tratos, derivando dessa circunstância a designação de “Refúgio”. Era ainda irmã de D.ª Maria da Piedade Ascensão Sande Lemos, que foi casada com o coronel Sande Lemos, um dos grandes obreiros da Associação dos Combatentes da Grande Guerra, que dirigiu ao longo de muito anos, dotando-a aliás de alguns dos seus próprios meios de fortuna.
A bondosíssima senhora, D.ª Joaquina Ascensão, casou-se em Faro com o Dr. Joaquim Rodrigues Davim, que para esta cidade viera colocado como notário, revelando-se um cidadão exemplar e de grande sensibilidade artística, ao ponto de ser considerado nos finais do século XIX, como um dos melhores poetas do Algarve. Não tiveram filhos naturais, mas como a determinada altura soube que seu marido possuía duas filhas, resultantes duma relação extraconjugal com uma modesta costureirinha, mandou que as meninas fossem recolhidas na sua casa, onde as educou e perfilhou, fazendo delas senhoras da primeira sociedade farense. Refiro-me à D.ª Silvina Davim, que conheci bem, casada com o Dr. Mário Lyster Franco, advogado, jornalista e escritor; e à D.ª Olímpia Davim, casada com o Dr. Manuel Rodrigues Júnior, antigo professor liceal, figura muito respeitada na sociedade farense.
A D.ª Joaquina era tia do Dr. José de Ascensão Contreiras, do Eng.º Manuel Aboim de Sande Lemos e do Dr. José Aboim de Sande Lemos, todos figuras de primeira plana na sociedade farense do século XX.
Levada pelos seus impulsos de benemerência e filantropia, qualidades que sempre pautaram a sua existência, legou vários dos seus importantes bens imobiliários ao «Refúgio Aboim Ascensão», à Ordem Terceira do Carmo, ao Seminário de São José e às «Filhas de Maria», todas instituições que na cidade de Faro se encarregavam de proteger os desvalidos e de combater a pobreza.
ANÁLISE.
ResponderEliminarExtraordinário documento, porque nos traz o relato de uma mulher que protegeu infelizes.
Isto durante a primeira República, onde quem governava eram as comissões de rua.
È preciso conhecer isto, que em Faro no século XIX viveram ou são naturais dois beneméritos, Joaquina Aboim Ascensão, Rodrigo Aboim Ascensão e mais tarde Piedade Ascensão
O documento produzido pelo Prof. Doutor JCVM é, do ponto de vista humano e histórico de um grande valor.
Porque,
Se trata de comportamentos de pessoas com uma formação moral elevada, onde, ao que parece, ser solidário é o que vale.
O grande valor histórico do documento é inquestionável e é importante que se valorize aqui o desejo de investigar, de conhecer e de saber.
Outro aspecto de relevo a salientar é o elevado grau de cultura Joaquim Davim, Silvina e Olímpia Davim, Mário Lyster Franco e Manuel Rodrigues.
Um óptimo trabalho.
JBS
Prezado Amigo:
ResponderEliminarMais uma vez agradeço a ilustração e a eloquência do seu comentário. A D. Joaquina Davim foi uma das principais senhoras da sociedade farense do seu tempo, não só pela sua educação e bondade, como principalmente pela sua benemerência. Apesar de ter uma rua em Faro com o seu nome, poucos serão os cidadãos que conhecem o seu percurso de vida. Este apontamento biográfico escrevi-o para ajudar um seu familiar a conhecer mais em pormenor alguns factos de grande relevância socioeconómica para a história da família Davim no Algarve.
Obrigado, mais uma vez, pelo seu contributo.
Um abraço do Vilhena Mesquita
Amei achar esse blog onde cita a minha família.
ResponderEliminarMuito obrigada
Mildred Davim
Olá Mildred
ResponderEliminarObrigada pelas suas amáveis palavras.
Volte sempre ao convívio deste blog.
Talvez eu venha a colocar mais informações da sua família, nomeadamente do Dr. Rodrigues Davim, que além de grande jurisconsulto do foro algarvio foi também um reputado poeta.
Ficava muito sensibilizado se aderisse ao meu Blog.
Um abraço do Vilhena Mesquita