sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Movimento demográfico do distrito de Faro em 1906


Os historiadores que gostam de trabalhar as fontes demográficas sabem que os registos paroquiais existentes nas igrejas (os mais antigos depositados nos arquivos históricos do município, do distrito ou da Torre do Tombo), são um incontornável manancial de informação. Não querendo saturar a paciência dos meus leitores, vou deixar aqui um breve apontamento sobre os casamentos, batizados (nascimentos) e óbitos, registados no distrito de Faro desde 1 de janeiro até 30 de junho de 1906.
Casamentos foram no total 860, com a curiosidade dos homens serem 782 solteiros e 78 viúvos, e das mulheres serem 824 solteiras e 36 viúvas. O número de homens que fazem segundas núpcias é o dobro das mulheres. Não há nenhum caso de nubentes em terceiras núpcias. É curioso que 68 dos casamentos foram celebrados entre parentes do 1º e 2º grau, ou seja, 4 foram de tios com sobrinhas e 64 foram de primos com primas, a maioria dos quais oriundos da classe alta ou média alta. Entre os 860 esposos constata-se que só 212 assinaram os termos dos casamentos, e entre as esposas só assinaram 221. Os casamentos revelam que o índice de alfabetização social era muito baixo, sobretudo entre os homens, e nas classes laboriosas. No total percebe-se que 1287 são analfabetos (648 homens e 639 mulheres) sendo que só 433 dos nubentes sabem ler e escrever. Outra curiosidade é que 855 dos esposos são portugueses (a maioria oriundos do Algarve) e 5 são espanhóis, do distrito de Huelva; entre as 860 esposas só uma era espanhola.
Nascimentos foram no total 4209, dos quais 2133 eram masculinos e 2076 femininos. Portanto nasciam mais homens do que mulheres, uma tendência que se mantinha de anos anteriores, e que parecia querer equilibrar o índice demográfico dos géneros, que era largamente favorável às mulheres.
Óbitos foram no total 2298, dos quais 1246 eram homens e 1052 eram mulheres. Por conseguinte, registou-se um crescimento demográfico positivo, pois a diferença entre os nascimentos e os óbitos foi favorável em 1911 indivíduos, dos quais 887 eram meninos e 1024 eram meninas.

Só por curiosidade se acrescenta que o índice da mortalidade infantil era já muito baixo, com uma taxa de sobrevivência acima dos 80% após o primeiro ano de vida. Entre a classe alta e média alta não constam nados-mortos nem falecimentos em trabalho de parto.

Sem comentários:

Enviar um comentário