Os historiadores que gostam de trabalhar as fontes
demográficas sabem que os registos paroquiais existentes nas igrejas (os mais
antigos depositados nos arquivos históricos do município, do distrito ou da
Torre do Tombo), são um incontornável manancial de informação. Não querendo
saturar a paciência dos meus leitores, vou deixar aqui um breve apontamento
sobre os casamentos, batizados (nascimentos) e óbitos, registados no distrito
de Faro desde 1 de janeiro até 30 de junho de 1906.
Casamentos foram
no total 860, com a curiosidade dos homens serem 782 solteiros e 78 viúvos, e
das mulheres serem 824 solteiras e 36 viúvas. O número de homens que fazem
segundas núpcias é o dobro das mulheres. Não há nenhum caso de nubentes em
terceiras núpcias. É curioso que 68 dos casamentos foram celebrados entre parentes
do 1º e 2º grau, ou seja, 4 foram de tios com sobrinhas e 64 foram de primos
com primas, a maioria dos quais oriundos da classe alta ou média alta. Entre os
860 esposos constata-se que só 212 assinaram os termos dos casamentos, e entre as
esposas só assinaram 221. Os casamentos revelam que o índice de alfabetização
social era muito baixo, sobretudo entre os homens, e nas classes laboriosas. No
total percebe-se que 1287 são analfabetos (648 homens e 639 mulheres) sendo que
só 433 dos nubentes sabem ler e escrever. Outra curiosidade é que 855 dos esposos
são portugueses (a maioria oriundos do Algarve) e 5 são espanhóis, do distrito
de Huelva; entre as 860 esposas só uma era espanhola.
Nascimentos
foram no total 4209, dos quais 2133 eram masculinos e 2076 femininos. Portanto nasciam
mais homens do que mulheres, uma tendência que se mantinha de anos anteriores,
e que parecia querer equilibrar o índice demográfico dos géneros, que era
largamente favorável às mulheres.
Óbitos
foram no total 2298, dos quais 1246 eram homens e 1052 eram mulheres. Por
conseguinte, registou-se um crescimento demográfico positivo, pois a diferença
entre os nascimentos e os óbitos foi favorável em 1911 indivíduos, dos quais
887 eram meninos e 1024 eram meninas.
Só por curiosidade se acrescenta que o índice da
mortalidade infantil era já muito baixo, com uma taxa de sobrevivência acima
dos 80% após o primeiro ano de vida. Entre a classe alta e média alta não constam
nados-mortos nem falecimentos em trabalho de parto.
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