Senhora muito respeitada da burguesia farense, que pelo
casamento se tornaria herdeira de prestigiados pergaminhos sociais no seio da
elite nacional. Deve ter sido das primeiras mulheres a concluir um curso
universitário, e quase de certeza a primeira portuguesa licenciada em Engenharia
Agronómica.
Nasceu em Faro, na centúria de oitocentos, e foi das
primeiras meninas a estudar no Liceu Nacional de Faro. Aliás, chegou a
frequentar aquele estabelecimento com as suas irmãs, o que atesta a
superioridade mental e intelectual da família, cujo espírito evoluído e moderno
se diferenciava largamente da restante sociedade farense, cuja tradição
reservava para as meninas um papel mais comedido e reservado. As “meninas do
Liceu”, como então lhes chamavam, eram três irmãs, pertencentes à família Jesus
Lopes, de origens sociais modestas, que se estabelecera com enorme sucesso no
sector mercantil e agro-industrial.
Quando a Teresinha quando foi para Lisboa estudar optou pela
investigação no Instituto de Engenharia Agronómica, onde foi protegida e
tratada como a mais rara flor daquela instituição científica. A sua primazia
conferiu-lhe um estatuto muito especial a ponto de ter conquistado o coração de
um dos alunos mais proeminentes do instituto e da própria sociedade lisboeta.
Refiro-me ao conhecido engenheiro agrónomo e silvicultor José de Pina Manique e
Albuquerque, figura de proa da Estação Agronómica Nacional, de quem teve uma única
filha, Helena Guiomar de Pina Manique Albuquerque.
A engª Teresa tinha mais duas irmãs, igualmente casadas com
figuras de referência na sociedade científica nacional: a Dr.ª Branca Lopes
Martins, então já viúva do famoso Prof. Doutor Augusto da Silva Martins; e a
Dr.ª Maria João Lopes do Paço, esposa do prestigiado arqueólogo e etnólogo
Afonso do Paço, que curiosamente foi sempre um militar de carreira,
alcandorando-se ao posto de Tenente-Coronel.
Viveu a maior parte da sua vida em Lisboa, mas quando vinha
ao Algarve nunca se esquecia de visitar a sua terra-natal, onde mantinha laços
familiares, relações de amizade e beneficência, contribuindo pecuniariamente
para as principais instituições de caridade, protecção à infância e auxílio
mútuo. Costumava passar férias no Algarve, nomeadamente na estância termal de
Monchique e, mais tarde, na Praia da Rocha, sendo essas estadias alvo de
notícia na imprensa regional algarvia.
A engª Teresa de Jesus Lopes residiu durante décadas na
Avenida da República, em Lisboa, onde viria a falecer a 18-8-1965.
Sem comentários:
Enviar um comentário