domingo, 7 de agosto de 2016

ALBUQUERQUE, Teresa de Jesus Lopes de Pina Manique e

Senhora muito respeitada da burguesia farense, que pelo casamento se tornaria herdeira de prestigiados pergaminhos sociais no seio da elite nacional. Deve ter sido das primeiras mulheres a concluir um curso universitário, e quase de certeza a primeira portuguesa licenciada em Engenharia Agronómica.
Nasceu em Faro, na centúria de oitocentos, e foi das primeiras meninas a estudar no Liceu Nacional de Faro. Aliás, chegou a frequentar aquele estabelecimento com as suas irmãs, o que atesta a superioridade mental e intelectual da família, cujo espírito evoluído e moderno se diferenciava largamente da restante sociedade farense, cuja tradição reservava para as meninas um papel mais comedido e reservado. As “meninas do Liceu”, como então lhes chamavam, eram três irmãs, pertencentes à família Jesus Lopes, de origens sociais modestas, que se estabelecera com enorme sucesso no sector mercantil e agro-industrial.
Quando a Teresinha quando foi para Lisboa estudar optou pela investigação no Instituto de Engenharia Agronómica, onde foi protegida e tratada como a mais rara flor daquela instituição científica. A sua primazia conferiu-lhe um estatuto muito especial a ponto de ter conquistado o coração de um dos alunos mais proeminentes do instituto e da própria sociedade lisboeta. Refiro-me ao conhecido engenheiro agrónomo e silvicultor José de Pina Manique e Albuquerque, figura de proa da Estação Agronómica Nacional, de quem teve uma única filha, Helena Guiomar de Pina Manique Albuquerque.
A engª Teresa tinha mais duas irmãs, igualmente casadas com figuras de referência na sociedade científica nacional: a Dr.ª Branca Lopes Martins, então já viúva do famoso Prof. Doutor Augusto da Silva Martins; e a Dr.ª Maria João Lopes do Paço, esposa do prestigiado arqueólogo e etnólogo Afonso do Paço, que curiosamente foi sempre um militar de carreira, alcandorando-se ao posto de Tenente-Coronel.
Viveu a maior parte da sua vida em Lisboa, mas quando vinha ao Algarve nunca se esquecia de visitar a sua terra-natal, onde mantinha laços familiares, relações de amizade e beneficência, contribuindo pecuniariamente para as principais instituições de caridade, protecção à infância e auxílio mútuo. Costumava passar férias no Algarve, nomeadamente na estância termal de Monchique e, mais tarde, na Praia da Rocha, sendo essas estadias alvo de notícia na imprensa regional algarvia.
A engª Teresa de Jesus Lopes residiu durante décadas na Avenida da República, em Lisboa, onde viria a falecer a 18-8-1965.

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