quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CHAMINÉS do ALGARVE


Do artigo “As Chaminés Algarvias, da autoria de Mário Lyster Franco, publicado no «Correio do Sul», respigamos as seguintes passagens:

“O mais curioso ornamento da casa algarvia, a nota mais característica nas suas linhas banais, é a chaminé rendilhada e esbelta que quasi sempre a sobrepuja, pitoresco remate, em que o pedreiro da região dá largas à fantasia, procura ser criador, assinalar a sua passagem.
Torna-se por isso curioso observar as chaminés algarvias do alto de uma açoteia, vê-las espreitar pelo esquinado dos telhados, assomar por entre o verde intenso da vegetação, atalaias vigilantes, recorte sobressalente na casaria vista ao longe, torres de vigia de algum castelo cujas linhas gerais se confundem na distância. (...)
A chaminé é, no Algarve, o espelho, a alma da casa. Sempre alvejantes de cal, usufruem cuidados especiais, cuidados que o resto do edifício pode sempre dispensar.
E umas em feitio de torre de catedral, de chalé, de varandim ou de nora com telhas colocadas em arremedo de alcatruzes, outras em forma de relógio de mesa, em forma de palmatória, de borla de catedrático ou de barrete de clérigo e muitas, o maior número, conservando uma linha esbelta e graciosa dos minaretes, formas que se diriam copiadas da Giralda de Sevilha, tudo afinal reminiscências da mesma origem comum.
Porque há, certamente, qualquer coisa de ancestral nesta forma bizarra de construir as chaminés, neste amor que se lhes consagra, nestes cuidados excepcionais. É a saudade de um passado que tudo se compraz em recordar a toda a hora, ou como mais explicitamente afirmou um escritor distinto «a saudade do minarete a palpitar timidamente, no rebuço cristão da chaminé.”

1 comentário:

  1. Viva.

    As chaminés algarvias são um adorno típico da nossa região que vingou.

    Agrada-me ver o empenho que os nossos operários colocam nesses trabalhos, criando-se uma certa rivalidade entre as terras.

    Digo isso porque os canteiros tiham esse orgulho de fazer melhor que o vizinho. Bordeira e Santa Bárbara de Nexesão foram um exemplo.

    Deixo-lhe os meus cumprimentos.

    João Brito Sousa

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