Professora primária de grande talento artístico, indefectível divulgadora do sistema pedagógico de João de Deus. Era natural de Alte, concelho de Loulé, e nessa freguesia veio a falecer em 2-4-1944, nos braços do seu marido, o jornalista Cruz Azevedo.
Costuma dizer o povo que por detrás e um grande homem está uma grande mulher. E assim aconteceu de facto. O conhecido jornalista e redactor regional de «O Século», Cruz Azevedo tornou-se num dos mais conhecidos animadores culturais do Algarve, divulgador das efemérides regionais e impulsionador das comemorações festivas do Centenário de João de Deus, pertencendo porém a sua esposa grande parte do esforço que levou à obtenção dos fundos necessários à elevação do monumento que o autor do Campo de Flores possuiu em Faro.
A Prof.ª Maria Cavaco Azevedo é ainda hoje lembrada nas terras por onde exerceu o seu múnus profissional, pelo carinho que derramava sobre as crianças, oferecendo aos mais pobres o material escolar de que careciam, quando não lhes distribuía o pão que não possuíam em casa. Em Brancanes, no concelho de Olhão, onde desempenhou oficialmente os últimos anos de serviço, ensaiou com os alunos várias peças de teatro, organizou recitais de poesia e festejava sempre com júbilo as datas oficiais que rememoravam no espírito dos mais jovens a Restauração da nacionalidade e o dia de Camões. Aliás sempre divulgou o autor dos Lusíadas como um verdadeiro “pai da pátria” distribuindo às crianças alguns sonetos, que depois de decorados eram recitados perante os pais e familiares da comunidade estudantil olhanense.
Acima de tudo foi um bom exemplo de competência e dedicação à difícil arte de educar crianças num meio carenciado, onde o apelo do mar e da pesca era mais forte do que os bancos da escola.
No dia 14 de Maio, logo a seguir à sua morte, foi-lhe prestada uma sentida homenagem na Casa do Povo de Alte, terra da sua naturalidade, onde usaram da palavra o Dr. Matos Parreira, em representação da Junta de Província, e os Drs. Falcão Machado e Virgílio Fagulha em nome da Direcção Escolar. Seguiram-se os depoimentos de amizade e profunda saudade das suas colegas, Prof.as Maria Elisa Aboim e Maria de Lourdes Madeira. Por fim foi descerrada uma lápida, oferecida pelos seus antigos alunos, na casa onde faleceu a Prof.ª Maria cavaco Azevedo, seguindo-se uma romagem até ao cemitério onde foram depositados inúmeros ramos de flores no artístico mausoléu mandado erguer pelo inconsolável marido, o jornalista Cruz Azevedo.
O seu único filho, Hélder Cavaco Azevedo, foi um artista de raro talento, pintor a óleo e aguarela, que se dedicou na juventude à fotografia e ao cinema, produzindo alguns documentários para a Tobis e depois para a RTP sobre as pescas e outros traços da etnografia algarvia, não deixando também de filmar as belezas naturais que estiveram na base do arranque do turismo na região. Emigrou para África onde se fez um prestigiado fotógrafo, nunca deixando de produzir alguns filmes para as empresas de cinematografia. Regressado à cidade de Faro estabeleceu-se com ateliê de fotografia, dedicando-se esporadicamente à pintura e ao jornalismo, sendo inclusivamente o fundador do Elismo no Algarve.
Sou natural de Alte, gostaria de saber em que localidade faleceu esta ilustre altense
ResponderEliminarPrezado José Vitório
ResponderEliminarTal como digo nesta biografia faleceu em Alte.
Não tenho infelizmente nenhum retrato dela, mas não é difícil obtê-lo, pois que residem em Faro os seus netos e bisnetos, herdeiros do espólio do artista (fotógrafo, pintor e poeta) Helder Azevedo, de quem fui muito amigo.
Como vejo que se interessa pelos altenses ilustres, tentarei colocar mais biografias dos cidadãos nascidos naquela freguesia.
Um abraço do Vilhena Mesquita