Conheci esta senhora de algumas
visitas que fiz a sua casa na companhia do Prof. Gomes Guerreiro, que nessa
altura se deslocava esporadicamente a Faro em missão de trabalho. Estávamos no
início dos anos oitenta e nessa altura fazia as primeiras demarches com vista à instalação da Universidade
do Algarve, recém criada em 1979. Foi ele, aliás, quem me convidou para leccionar na Universidade do Algarve, em Março de 1983. Até hoje. Já lá vão quase 32 anos.
A Maria Francisca era natural de Faro
e residia numa daquelas ruas paralelas à Igreja de S. Francisco que davam acesso
ao histórico celeiro do mesmo nome. No enfiamento dessa rua morara também, nos anos 40-50, o
poeta António Ramos Rosa, na companhia de seus pais. A razão
de eu ter conhecido a Maria Francisca deveu-se ao facto de ser irmã da Dr.ª Julieta
da Silva Pinto Ribeiro, minha saudosa amiga, esposa do Prof. Manuel Gomes Guerreiro,
reitor da Universidade do Algarve. Quando este vinha a Faro, ainda na fase de
instalação da nossa Universidade, costumava ficar alojado na casa da cunhada.
Em 1983, o Prof. Gomes Guerreiro fixou residência em Faro, mas todas as semanas
ia com a esposa jantar a casa da cunhada.
Era uma senhora muito simpática,
alegre e inteligente, que tinha sempre algo interessante para contar sobre os
costumes e tradições das gentes algarvias, sobretudo das aldeias serrenhas. Das
conversas que tivemos deu para perceber que se sentia muito orgulhosa das suas
origens e do progresso da sua cidade natal. Tinhas expressões muito curiosas,
próprias do regionalismo algarvio, e sabia muitas histórias sobre a ardilosa mentalidade das gentes da serra. Não confundir com os que vinham das aldeias ou do campo até à cidade de Faro, vender as suas produções agrícolas, ou cuidar das suas vidas, porque a esses costumavam chamar "montanheiros". Por outro lado, a Maria Francisca, conhecera muita gente de que se recordava ao pormenor. Das nossas
conversas colhi sempre bons informes, nomeadamente sobre a família Ramos Rosa.
Além da Drª. Julieta da Silva Pinto
Ribeiro, tinha mais dois irmãos: Maria Rosa Pinto Ribeiro, que foi chefe dos CTT
em Messines, casada com Justino das Neves Mascarenhas, funcionário da Caixa
Geral de Depósitos, em Portimão; e Fernando Pinto Ribeiro, quadro dirigente do
Hotel Tivoli, em Lisboa, casado com Maria José Pinto Ribeiro.
A Maria Francisca da Silva Pinto
Ribeiro não foi propriamente uma mulher notável, com uma vida preenchida por
actividades sociais dignas de relevo. Foi uma simples cidadã que me honrou com
a sua amizade. E isso me basta para aqui a relembrar com muita saudade.
Faleceu precocemente em Lisboa, com apenas
59 anos de idade, em Abril de 1985.
Sem comentários:
Enviar um comentário