Faz hoje, 17 de Janeiro de 2016, precisamente 128
anos que faleceu em Silves, com 78 anos de idade, João Gregório de Figueiredo
Mascarenhas, uma figura heróica e muito popular no Algarve, durante o
conturbado período das Lutas Liberais.
Silves, ruínas do castelo, cerca de 1890 |
Nasceu a 24-06-1812 em S. Bartolomeu de Messines, e
faleceu em Silves a 17-1-1889. Era filho do major José Gregório de
Figueiredo Mascarenhas, um respeitado proprietário local, casado com D.
Catarina Jacintha Duarte Machado Guerreiro, também originária da fidalguia fundiária,
com bens de nomeada no concelho de Silves. Descendia de um casal muito
respeitado na ald
eia de São Bartolomeu de Messines, uma das mais prósperas e
economicamente das mais poderosas do termo de Silves.
João Gregório Figueiredo Mascarenhas desde jovem
que se tornou famoso pela sua destreza na caça, batendo toda a serra algarvia,
desde as cordilheiras do Espinhaço de Cão e Monchique e até quase ao cume do
Caldeirão. Nas suas batidas de caça por essas serranias agrestes do Algarve e
Alentejo, era certo e sabido que voltava a casa com um carro de javalis,
lebres, coelhos e corças. Conhecia os recônditos mais escabrosos da serra
algarvia, e como ele não havia outro que se igualasse no manejo das armas de
fogo.
Desenho de Silves, com a rua do castelo no séc. XIX |
O conhecimento da serra e a destreza nas armas
foram decisivos quando em 1833, incorporado no batalhão móvel de Lagos, seguia
em expedição ao Alentejo para combater as guerrilhas miguelistas que assolavam
as aldeias, montes e casais desde São Marcos até Ourique. No sítio do Valle da
Mata, as guerrilhas montaram uma cilada com tal sucesso que conseguiram
aprisionar o coronel Custódio Pires Bandeira, assim como todos os soldados que
seguiam na frente do batalhão móvel de Lagos. Felizmente o João Figueiredo
Mascarenhas seguia nesse momento na retaguarda e por isso conseguiu escapar
juntamente com alguns camaradas de armas, que seguindo-lhe os passos lograram
alcançar o sítio da Amorosa, onde se fizeram fortes, conseguindo rechaçar as
guerrilhas que seguiam na sua peugada. Conhecedor do terreno conseguiu conduzir
os seus homens pelos caminhos acidentados da serra algarvia, escapando
incólumes à sanha impiedosa das guerrilhas, até chegar à cidade de Silves. Mas
não se sentindo seguro rumou para Vila Nova de Portimão, onde dias depois teve
de enfrentar o grosso das forças miguelistas. O ataque a Portimão foi uma das
páginas mais heróicas das lutas civis no Algarve. As forças liberais, mal
equipadas e em menor número do que as guerrilhas do Remechido, quase soçobraram
ao cerco miguelista, não fosse, entre outros o heroísmo de João Gregório
Figueiredo Mascarenhas, que numa posição arriscada conseguiu suster as
investidas das forças inimigas. Porém, num dos ataques as guerrilhas vararam
impiedosamente a sua posição de resistência, ferindo-o gravemente. O jovem Figueiredo
Mascarenhas foi recolhido ao hospital onde recuperou a vida, mas não a
capacidade para voltar ao efectivo, encontrando-se em convalescença quando foi
assinada a Convenção de Evoramonte.
Panorâmica da cidade de Silves nos inícios do séc.XX |
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