sábado, 30 de outubro de 2010

João de Deus e a sua colaboração no «Bejense»


O poeta João de Deus, talvez nem toda a gente o saiba, colaborou assiduamente, em prosa e em verso, no semanário «O Bejense», órgão local do Partido Regenerador, em cujas colunas publicou durante vários anos alguns dos seus mais belos poemas, assim como belíssimas quadras de inspiração popular. Mas o mais importante é que algumas dessas notáveis produções poéticas foram recolhidas num pequeno, mas não menos interessante, livrinho da autoria de Rodrigo Veloso, que saiu a público com o título de Algumas Poesias pouco conhecidas de João de Deus, cuja edição teve apenas uma centena de exemplares (20 em papel de linho e 80 em papel vulgar) com anotações de Rodrigo Veloso, precedidas de um artigo de Antero de Quental intitulado «Divino Antero». Não esqueçamos que Antero dedicou o seu livro Sonetos, publicado em 1861, ao poeta João de Deus, de quem foi grande amigo e dedicado colega na Universidade de Coimbra.
O livrinho acima citado, de que existe um único exemplar, que tive a oportunidade de manusear, na Secção de Reservados da Biblioteca Nacional (antes de Lisboa e agora designada de Portugal), com o n.º 24 da edição de 100 que, diga-se em abono da verdade, nunca chegou a entrar no mercado comercial, tem, entre outras, um quadra que considerei verdadeiramente lapidar por ser dedicada ao Algarve, a qual no fundo é uma espécie de retrato da flor da amendoeira:
Abre a flor à luz que a enleva
Seu cálix cheio d’amor
E o sol nasce, passa e leva
Consigo perfume e flor.

Esta quadra é, como já disse, dedicada à flor da amendoeira, a qual, importa ressaltar que neste livrinho considerada por João de Deus como sendo a flor sagrada do Algarve

Sem comentários:

Enviar um comentário