Quadro pintado por Columbano, existente no Museu da Presidência da República |
A eleição de Manuel Teixeira Gomes, tornara-se numa réstia de esperança para a sobrevivência da República, que se unia em torno de um "príncipe árabe vestido em Londres". Não foi o último presidente, mas foi o primeiro a profetizar junto do seu Ministro da Guerra, Óscar Carmona e do seu conterrâneo Mendes Cabeçadas, que a moribunda República lhes haveria de cair nas mãos, para mergulhar numa inexorável ditadura.
Teixeira Gomes, ao lado de Afonso Costa, a bordo do navio inglês que, por ordem de S.M.B, o transportou oficialmente a Lisboa |
Não vou referir-me a esses factos, mas tão só a um soneto que o poeta Marcos Algarve (pseudónimo de Francisco Marques da Luz, natural de Olhão, jornalista republicano e maçom) escreveu em homenagem a Manuel Teixeira Gomes, no dia 5 de Outubro de 1923, quando este se alcandorou à mais alta magistratura da nação portuguesa.
O Presidente da República
O requintado Artista das viagens,
O Cellini da prosa facetada
O caminheiro da alma enamorada
E de olhos embebidos nas paisagens
Sobe hoje ao Capitólio das miragens
Onde a Arte soberana, enclausurada,
Chama por ele, tímida e magoada,
E pede-lhe o recorte das Imagens!...
A mão, porém, do Chefe e dos Artistas,
No mesmo impulso arrebatado e frio,
Fará que a Pátria aos vendavais resista…
Coragem!... Vão ao leme do Navio
Os glóbulos do sangue fantasista
Dum coração brioso de Algarvio!
Marcos Algarve
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