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Agustina com seu amigo Manuel de Oliveira |
Faleceu ontem, dia 4 de Junho de 2019, a escritora Agustina Bessa
Luís, cuja obra é por todos os especialistas considerada como das mais
representativas da literatura portuguesa contemporânea.
A nossa imortal escritora Agustina Bessa Luís, deixou-nos aos 96 anos
de idade, de forma serena, tranquila e recatada, como aliás sempre viveu e
escreveu os seus romances. Sem pedir licença, sem pagar favores, e sobretudo
sem se submeter aos interesses instalados, quer fossem políticos, religiosos,
económicos ou sociais. Agustina foi em todas as suas atitudes uma mulher do
Norte - livre, soberana e independente. E isso causava a invídia e o ciúme
daqueles que para serem notícia, e verem os seus livros figurarem nas colunas
dos suplementos literários, tiveram que se filiar em partidos políticos e
noutras maçonarias menos recomendáveis.

A província não tem valor nenhum. Lisboa é o centro do império, e o
resto é paisagem. O meu pai dizia-me que o José Régio e o Aquilino (Mestre
Aquilino, como ele o tratava) tinham sido os últimos valores da província. Não
imaginava que a Agustina, filha de boas famílias durienses com negócios no
Porto, viesse a ser gente, com nome e impacto nacional.
Lembro-me de alguns escritores, jovens talentosos, que apareciam no
café «Magestic», no Porto, a tentear caminho, receberem do meu pai este
desolador conselho: "vá para Lisboa e faça-se gente".
Como grande admirador da sua obra, guardo na memória as imagens do
nosso primeiro encontro, e das suas generosas palavras, doces e maternais. Mas
do que jamais me poderei esquecer é da oferta de dois livros, que ela própria
autografou e escolheu para mim, por começarem pela letra M (de Mesquita), e que
guardo religiosamente - os romances «O Manto» e «A Muralha». Vou agora
relê-los, em homenagem às gratas recordações da sua memória.
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