Poetisa e fundadora do jornal «A Avezinha», nasceu
na freguesia de Paderne, concelho de Albufeira, a 23-7-1895 e faleceu em Lisboa
a 7-3-1968.
Muito embora não possa afirmar que Maria do Espírito
Santo Correia foi uma figura das letras algarvias e muito menos uma publicista
de talento, não tenho, porém, dúvidas sobre as suas qualidades intelectuais, já
que era uma senhora de esmerada educação e de grande nível social. Convém
frisar que era irmã do comendador António Libânio Correia (ver/nome), bastando
esse cartão de apresentação para conviver com as figuras mais ilustres da
sociedade intelectual lisboeta.
Durante a sua juventude, e enquanto viveu na
freguesia de Paderne, sempre apoiou as iniciativas locais de solidariedade
social, colaborando com a Igreja e o pároco nas acções de protecção das
crianças, combate ao analfabetismo e ajuda aos pobres. No âmbito dessas acções
surgiu a ideia de editar o jornal «A Avezinha» de que é uma das quatro
fundadoras. Como era certamente a mais instruída e a mais habituada a lidar com
dinheiros, coube-lhe a tarefa de administrar o jornal, sobretudo pagar as
contas inerentes à sua edição, cobrar as assinaturas e recolher donativos.
Apesar das tarefas administrativas, também cuidou de escrever algumas crónicas
que, diga-se em abono da verdade, tinham grande qualidade literária, ainda que
afinassem pelo mesmo diapasão das suas colegas, ou seja, eram profundamente
inspiradas na moral cristã e perseguiam o objectivo de divulgarem os salutares
valores da amizade, da honestidade, da caridade e da bondade para com os mais
desafortunados.
Apesar dessas tarefas administrativas também se
ocupou com a redacção das notícias locais e compôs algumas poesias de fino
recorte estilístico e de incontestável beleza lírica. E se não deu mais nas
vistas foi porque se sentia a “flor” mais burguesa daquele canteiro feminino
que foi «A Avezinha». Talvez por ser a mais instruída e ilustrada, teve a honra
de assinar o artigo de fundo com que se inaugurou a publicação do jornal. Como
eram todas ainda muito jovens, o Padre João dos Santos Silva, considerava-as
como umas florinhas daquele humilde e muito modesto jardim que era ao tempo a
freguesia de Paderne. Por isso, coube-lhe o pseudónimo de “Hortênsia”, enquanto
a Maria da Conceição Elói (ver/nome) era a “Madressilva, a Maria Feliciana
Marques (ver/nome) era a “Violeta” e a Maria Costa Mendes (ver/nome) era a
“Rosa”, havendo ainda outros pseudónimos não identificados como a “Bonina”, a
“Margarida” a “Açucena”, a “Urze”, a “Camélia” e a “Tília”.
Na falta de meios financeiros, a Maria Correia
pagava do seu bolso o que as verbas que estivessem em falta.
Creio que de todas as fundadoras do jornal é hoje a
mais esquecida.
Após viver durante largos anos na companhia do irmão, decidiu voltar a
fixar residência em Paderne, onde acabaria por casar-se com José Gonçalves
Cruz, mais conhecido por José da Rita.
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