Pagina central do «Povo Algarvio» de Tavira, publicando em forma de folhetim o folheto do padre Francisco Ferro |
Num
dos pequenos verbetes, que escrevi em 1980 para actualização da Algarviana, retirado no meio de
centenas de outros, que guardo em caixas de sapatos, consta o nome do Padre
Francisco José Ferro que passou por Tavira, tendo paroquiado a Igreja de Santa
Maria do Castelo desde 1880 até à sua morte, que ocorreu naquela cidade em data
que desconheço. Quem me mostrou um folheto da sua autoria foi o saudoso Abílio
Gouveia, que sempre considerei como o mais esforçado, o mais competente e
sacrificado intelectual do Algarve. Vivia frugalmente em Olhão e em matéria de
bibliografia eclesiástica, literatura religiosa e ecuménica não conheci ninguém
que o superasse. Sobre a história de Olhão, desde as suas origens arqueológicas
até ao fulgor do capitalismo industrial, o Abílio Gouveia era uma das maiores
autoridades como historiador e como bibliófilo, já que tinha na sua casa
milhares de folhetos raros, manuscritos, jornais antigos, sermões, sentenças
dos tribunais, enfim tinha tudo, tudo, tudo, o que pudesse interessar ao
conhecimento do passado histórico da sua terra e do Algarve em geral.
Infelizmente o Abílio Gouveia morreu em 1985, e até hoje nunca soube o que
aconteceu à sua valiosíssima biblioteca, receando que se tenha perdido um dos
mais raros e valiosos acervos bibliográficos do Algarve.
Transcrição no «Povo Algarvio» do folheto do Padre Ferro |
Há
poucos anos atrás, vim a encontrar na minha colecção de jornais do Algarve, a
edição nº 611 do «Povo Algarvio», de Tavira, datada de 24-03-1946, na qual se
inseria, no rodapé da página 3, em jeito de folhetim – como era costume na
época – a notícia da transcrição integral do mencionado folheto do padre
Francisco José Ferro. Não resistimos à tentação de aqui transcrever o parágrafo
de abertura, por dele ressaltar o facto dos redatores daquele órgão ainda se
lembrarem do Padre Ferro, mas desconhecerem a edição anterior daquele folheto:
«Pessoa
amiga deu-nos a conhecer o folheto cuja transcrição iniciamos hoje. Foi seu
autor um Padre de quem nesta cidade ainda hoje se recorda, com saudade, a sua
veneranda figura de Prior que durante tantos anos por aqui viveu e aqui morreu.
Ressalta deste folheto, acima de tudo, o profundo fervor religioso do autor e a
sua revolta contra os infames ultrajes perante os quais ergue a sua voz de
Padre católico e de homem de bem. Por tudo isto e por não ser conhecida, nunca
ouvimos falar nesta publicação, quisemos arquiva-la nas colunas do «Povo
Algarvio».
Não
fiz ainda a entrada do Padre Francisco José Ferro na letra F da Algarviana, porque me faltam os seus
principais traços biográficos. Depois falta-me saber se escreveu mais coisas e
se foram publicadas em letra de forma. Por fim, falta-me saber se na biblioteca
municipal de Tavira ou na biblioteca da Diocese de Faro existe o curioso
folheto de «Protesto contra os Actos de Selvageria praticados em Roma na noite
de 12 de junho de 1881».
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