terça-feira, 9 de outubro de 2012

Viagens régias ao Algarve


Desde a conquista do Algarve, e sua definitiva integração no espaço nacional em 1252, até à proclamação da República em 1910, apenas alguns dos nosso monarcas se deram ao trabalho de visitar este extremo sul do território pátrio. Isto comprova, em certa medida, o pouco apreço em que o centro sempre teve a periferia. Para Lisboa o Algarve nunca teve qualquer importância, a não ser pelo exotismo da sua cultura e da sua diversidade ambiental, como se fosse uma espécie de reentrância da África adentro da Europa. Daí que praticamente nunca se tivesse investido na região, mormente através de grandes obras públicas, o que, áparte um ou outro melhoramento operado no tempo de Duarte Pacheco, só na década de sessenta do século passado, após a descoberta das suas potencialidades turísticas, é que o Algarve começou a ser conhecido e visitado, não só pelos turistas nacionais e estrangeiros, como ainda pelas entidades governamentais.
Assim, desde o séc. XII até à queda da monarquia, o Algarve raramente foi distinguido com uma visita régia, sabendo-se o quanto esse gesto dignificava e honrava os povos e as terras que recebiam a comitiva real.  Apenas os reis D. Sancho I, D. Afonso III, D. João I, D. Afonso V, D. João II, D. Manuel I, D. Sebastião e D. Carlos I, tiveram a sensatez de honrar o Algarve com a sua presença.
O rei D. Sancho I chegou ao Algarve em 11-7-1218, e em Setembro, após prolongado cerco, logrou conquistar a cidade. Após distribuir o saque pelos Cruzados que o ajudaram a conquistar a cidade, nomeou as novas autoridades e partiu para Lisboa.
D. Afonso III veio ao Algarve pelas mesmas razões, continuar a conquista do Algarve; chegou a Faro na primavera de 1249 e após a tomada da cidade, sem derramar sangue, decidiu partir envolto em lendas de paixão.
D. João I chegou a Lagos em 26-7-1415, aquando da conquista de Ceuta.
D. Afonso V chegou a Sagres em 3-9-1458, e de Lagos partiu para Alcácer Ceguer. Em 9-11-1463 voltou a Lagos para atacar de novo a África. Em 1471 voltou pela terceira vez a Lagos, na sua última tentativa para conquistar o Norte de África.
D. Manuel I em Agosto de 1508 veio a Tavira onde reuniu um exército para ir em socorro da praça de Arzila.
D. Sebastião veio ao Algarve numa demorada viagem por terras do interior alentejano, marcada com gestos de pompa e circuntância. Chegou igualmente para Tavira, onde reuniu as suas forças militares, e partiu em Setembro de 1574 para Ceuta de seguiria para o desastre de Alcácer-Quibir.
D. João II veio também para Tavira, onde chegou a residir para tratar dos seus achaques nas águas de São Paulo. Mas por falta de resultados mais positivos partiu para Monhique, onde não conseguiu debelar os sintomas de envenenamento de que vinha sendo vítima. Acabaria por falecer em Alvor, onde parece que tentou novo tratamento de águas. Ficou sepultado em Silves, até que foi trasladado em longo cortejo fúnebre para o Mosteiro da Batalha. Foi este o rei que mais tempo permaneceu no Algarve.
O último rei a visitar o Algarve foi D. Carlos I, que embora por várias vezes aqui tivesse vindo de forma particular, só uma o fez de forma oficial, decorrendo essa visita de 9 a 14 de Outubro de 1897.

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