Em Dezembro de 1814, o Tribunal do Dezembargo do Paço recebeu um requerimento firmado por D.ª Maria da Aprezentação Thereza Jacintha da Franca Corte Real, ao tempo viúva de Gil Vaz Lobo de Lemos Faria e Castro, fidalgo da principal nobreza de Faro, por causa de um processo relativo aos limites e confrontações do Prazo chamado da Torre, que lhe havia movido o capitão Francisco Xavier de Moraes, da freguesia do Alvor, no concelho de Vila Nova de Portimão, o qual reivindicava para si o direito e posse de uma parte do antigo, e já referido, Prazo da Torre, composto por terras de pão, de lavoura e de sal.
Palácio Pantoja, na Rua de Stº António, em Faro, actual sede do Clube Farense, vendo-se a pedra de armas da família a encimar a porta principal. |
No requerimento apresentado por D.ª Maria da Aprezentação Corte Real contrapõe-se a nulidade das pretensões do capitão Xavier de Moraes, mercê do facto daquela propriedade, Prazo da Torre, se encontrar na posse da família Franca Corte Real "desde tempo que excede a memoria dos homens".
Julgo que esta senhora, D.ª Maria da Aprezentação, era natural de Faro, mas a radícula da sua família provêm de Tavira. Quanto ao seu marido, o fidalgo Gil Vaz Lobo de Lemos Faria e Castro, era filho do rico e poderoso Gil Vaz Lobo Freire Pantoja - notável proprietário rural, com interesses nas pescas, na marinha mercante e no trato mercantil, residente no palácio que ostenta a sua pedra de armas na rua de Stº António, onde hoje se encontra sediado o Clube Farense - cuja filha casou em 1733 com o seu primo, Damião António de Lemos Faria e Castro, ilustre historiador algarvio e uma das figuras mais distintas da cultura lusíada e do setecentismo português.
O requerimento de D.ª Maria da Aprezentação, bem como a documentação a que me referi, encontra-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, núcleo do Dezembargo do Paço, secção do Alentejo e Algarve, Maço 517, doc. nº 13 e segs.
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