sábado, 22 de agosto de 2009

CASTRO MARIM – documentos e curiosidades


A Bula do Papa João XXII, “Ad ea ex quibus cultus angeatur”, instituiu a Ordem de Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, a pedido de El-rei D. Dinis, dando para sua residência a Vila de Castro Marim. Pela dita Bula a Ordem apropriou-se de todos os rendimentos, jurisdições e regalias de que beneficiava a Ordem dos Templários, extinta pelo Papa Clemente V; também nessa Bula nomeava para grão-mestre Egídio Martins, sujeitando-se a Ordem de Cristo à visitação dos abades de Alcobaça. Dada em Avinhão, a 14-3-1319. Escrita em pergaminho, com selo de chumbo pendente.
ANTT, Gaveta VII, Maço 5, doc. 2; acrescente-se ainda outra Bula relativa ao mesmo assunto em ANTT, Gaveta VII, Maço 8, doc. 5 e docs. 6 e 8.

Doação de Impostos à Ordem de Cristo da vintena de todo o pão que passasse pelo rio Guadiana e da terça da barca que passasse de Castro Marim para Aiamonte. Pergaminho em bom estado, assinado por D. Manuel I e datado de Lisboa a 14-5-1504. ANTT, Gaveta VII, Maço 11, doc. 10.
Acordo fronteiriço entre Castro Marim e Aiamonte, pelo qual se ordenava que os barcos e batéis que entrassem pela foz do Guadiana para cada uma das ditas vilas não fossem embargados pelos moradores dos respectivos lugares.
Pergaminho em mau estado, datado de 1288. ANTT, Gaveta XV, Maço 15, doc. 21.
Escambo - Pergaminho em bom estado, com selo pendente de cera, datado de Leiria a 7-11-1372, que trata do escambo feito entre D. Fernando e o mestre da Ordem de Cristo, pelo qual el-rei trocou Castelo de Vide por Castro Marim. ANTT, Gaveta VII, Maço 14, doc. 1
Traslado de uma inquirição que se realizou a respeito dos lugares de Castro Marim e de Aiamonte. Escrito sobre papel, com 12 folhas e em bom estado, datado de 10-11-1537. ANTT, Gaveta XIV, Maço 5, doc. 15.
Anadel-mor - Apontamentos a respeito de Garcia de Melo, anadel-mor de Castro Marim. Escrito em papel, com 2 fls., em bom estado, datado de 1509. ANTT, Gaveta XX, M. 5, d.14.
Foral antigo encontra-se no ANTT, Maço de Autos sobre Direitos Reaes e da Ordem de Cristo, n.º 1, e tb. a fls. 18 e 22, estando datado de 1-5-1282. Veja-se tb. no Livro I do Rei D. Afonso III, fl. 141, e Livro I do Rei D. Dinis, fl. 44vº. Ver tb. os Autos entre as Partes, os moradores da mesma vila e Lopo Mendes seu comendador, nos quais se deu contra este Sentença a 21-3-1504 para que não levasse mais direitos do que aqueles que estipulava o Foral. O foral manuelino, ou Foral Novo, foi dado em Lisboa a 20-8-1504, encontrando-se no Livro de Foraes Novos do Alemtejo, fl. 24, col. I.
Etimologia Tiponímica - O Prof. José Leite de Vasconcelos, na Etnografia Portuguesa, vol. II, p. 622, dá curiosas achegas para a etimologia do topónimo Castro Marim. Diz que é um dos mais estranhos topónimos meridionais em que entra um genitivo; que por vezes se traduz por “Castelo da beira-mar”, face à designação Castrum Marini; que o topónimo Castro é raríssimo no sul e, por isso, não repugna que Castro Marim proviesse da época romana ou visigótica.
Pégo - Designação que o Prof. Leite de Vasconcelos registou como aplicada em Castro Marim ao vento de sudoeste: o tempo está Pégo, era um dito comum naquela vila, como se comprova pelo seguinte ditado: “Quando Dês q’ria / do Pégo aventava /e do Norte chovia”. Segundo o eminente etnólogo “Pégo” provém do mesmo étimo latino, pelagus, que significa mar (cf. Opúsculos, III, p. 477).
Sentença dada pelo infante D. Henrique, duque de Viseu e regedor da Ordem de Cristo, a favor de Diogo Lopes de Freitas, contra Martim Vicente Garrido, pela qual foi condenado a pagar dois barcos bons e aparelhados como o que levara carregado de trigo pela foz do rio de Castro Marim sem pagar o direito de portagem na forma do seu foral. Escrito em papel, bem conservado e com selo de chapa. Dada em Estombar, a 20 de Janeiro de 1447.

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