domingo, 2 de agosto de 2009

O nosso patusco ministro da Economia


J. C. Vilhena Mesquita

Toda a semana se falou, no país e no estrangeiro, da tão infeliz quanto irresponsável cornígera sinalética “investida” pelo ministro da Economia, Manuel Pinho, em pleno congresso da Nação, contra um deputado da bancada comunista. O país ficou arrepiado com o ordinário gesto, emitido em directo pela televisão por uma alta figura do Estado, muito peculiar na sarjeta social onde coabitam os inadaptados sociais, os excluídos e marginais, assim como toda a casta de deserdados e desfavorecidos da sorte. Ninguém se admiraria, porém, que houvesse alguém que apontasse ao ministro os diabolizantes indicadores em protesto contra a deprimente condição em que se encontram os milhares de desempregados vítimas deste governo.
Razão tinha o imperecível Eça quando designava por simples “patuscos” os ministros que no seu tempo se assemelhavam ao nosso Manuel Pinho. Só que nesse tempo havia mais patriotismo do que hoje, e em vez do espanholado gesto taurino os nossos políticos optavam pelo luso “manguito” imortalizado por Bordalo Pinheiro na estereotipa figura do Zé Povinho.
Todavia, o ministro da Economia e da Inovação (esta da “Inovação” é de cabo de esquadra), nestes quatro anos de governo, insistiu em fazer alarde da sua confrangedora inépcia mental através de monumentais deslizes políticos. As suas gaffes tornaram-se verdadeiras pérolas da laracha popular. Diz-se que estava em acesa compita com vários outros ministros para ser laureado com a medalha de cortiça do Prémio Nacional do Ridículo. Para atingir esse galardão, lembremos a visita de Sócrates à China na qual o ministro Pinho tentou convencer os empresários do “capitalismo comunista” a investirem em Portugal, assegurando-lhes que a nossa competitividade no seio da Europa resultava dos baixos salários que auferem os nossos trabalhadores. Os privilegiados da Nomenclatura chinesa ficaram desiludidos, porque investir em Portugal pareceu-lhes o mesmo que reinvestir na China. Mas o que os chineses não sabiam é que, poucos dias antes, o ministro havia escoiceado os sindicatos portugueses, acusando-os de instigarem a falta de competitividade do país no seio da Europa por causa dos altos salários que os nossos trabalhadores auferem. Isto é, o ministro mudava de opinião conforme as circunstâncias e as conveniências. Creio que como político e como pessoa ficou claramente definido como um impagável “patusco”.
Depois de asnear a torto e a direito, só falta saber quem foi a azémola que meteu na cabeça do ministro a ideia de criar a marca Allgarve, alterando de forma abusiva a honrada designação de um território, e de um ancestral reino, muito mais antigo do que o próprio espaço nacional. Parece que o ministro foi na conversa dum criativo de marketing a soldo duma empresa inglesa. Mas o que o homem fez foi espetar dois ll na cabeça do ministro, convencendo-o de que assim ficava mais bonito, porque convinha que o Algarve fosse literalmente todo inglês (all significa tudo). Isto era claramente o prenúncio da natural simpatia do ministro pelos “palitos” que em riste investiu contra a bancada oposicionista, há alguns dias atrás.
A apresentação deste aborto publicitário, ou mais propriamente deste ultraje ao povo algarvio, fez-se com pompa e circunstância, e só não deu grande celeuma porque o ministro prometeu gastar vários milhões de euros na campanha de promoção do Allgarve. Os empresários dos mais diversos quadrantes, esfregaram as mãos de contentes, os apaniguados da política vigente escaldaram as mãos com frenéticos aplausos, enquanto outros escondiam as mãos em concha por detrás das costas, à espera do deles, como fazia o Abreu!!!. Por isso é que a celeuma morreu à nascença, já que os acostumados oportunistas esperam encher os bolsos com mais esta cretinice dos nossos políticos. Tem sido sempre assim. É por isso que estamos na cauda da Europa.
Dizem que o ministro ainda pensou estender a graçola à designação do próprio país, que para fins de promoção turística passaria a escrever-se Portugall, para agradar aos ingleses e aos americanos, que assim ficam cada vez mais com a certeza de que somos uma nação subserviente, e um país de chapados imbecis. Seria óptimo se ministro desse também o exemplo e passasse a grafar o seu nome à espanhola, Piño, pois que grande parte da nossa economia já está nas mãos de nuestros hermanos.
Perante o despautério governativo e as constantes calinadas políticas, creio que José Sócrates aproveitou a cornígera momice para se ver livre do “patusco” ministro, dando desse modo uma imagem de força, autoridade e intolerância perante o insultuoso gesto de quem nunca deveria ter pertencido a este governo.

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