Foi a 21 de Fevereiro de 1889 que chegou a Faro o primeiro comboio. Era apenas uma viagem experimental, pelo que se compunha de pesados vagões de mercadorias, para testar a segurança da linha, que se encontrava em obras havia mais de vinte anos. Isso deveu-se ao facto de nesse tempo, e particularmente nessas duas décadas, ocorrerem momentos difíceis e até de algum dramatismo para a sobrevivência económica das regiões do Alentejo e Algarve, assoladas por secas, carestia de vida, desemprego e fome quase generalizada. A construção da linha de caminho de ferro foi uma forma de ocupação de mão-de-obra, mesmo que os carris tivessem de ser de madeira pitada de bronze para simular a linha original, que os ingleses vinham fiscalizar de forma descuidada. A frase “para inglês ver” tem aqui a sua origem.
Como então tudo se fazia de forma muito lenta, agravada pelas várias polémicas sobre o seu traçado (lembre-se o caso de Serpa e de Loulé), só mesmo nos últimos três anos é que a linha foi efectivamente montada desde Lisboa até Faro. Mas isso são contas doutro rosário, que não interessa aqui contar.
Depois daquela viagem experimental, importa frisar que foi a 1-7-1889 que chegou o primeiro comboio de passageiros a Faro. Nessa viagem inaugural chegava a Faro pela primeira vez o Dr. Ludovico de Menezes, conceituado veterinário e notável escritor a quem o Algarve muito deve. Extractamos de uma carta sua uma breve passagem em que descreve essa primeira viagem:
“Confirmo que foi precisamente num primeiro comboio, que eu, em 1 de Julho de 1889, desembarquei em Faro, estando a estação e cercanias repletas de povo que fora assistir ao feliz espectáculo da chegada.
Ao desembarque, um moço que tomou conta da minha mala, levou-me ao Hotel Nicola, através de ruas embandeiradas e janelas floridas de ranchos e damas em “toilettes” alegres e claras, abrigando-se do ardor daquele quente sol de Julho sob o pálio das papoilas floridas das suas umbelas. Ali me destinaram um exíguo quarto de segundo andar, escassamente mobilado e ali adormeci até vir o criado avisar-me que eram horas de jantar.
Nesse dia ao entardecer e depois do jantar, fui tomar lugar entre os cavaqueadores que discutiam alegremente o festivo acontecimento à porta da Havaneza, onde no interior, a dentro do balcão, pontificava António Tavares, seu proprietário, auxiliado por um rapaz de Albufeira, de nome Eduardo, se bem me lembro...”
Como então tudo se fazia de forma muito lenta, agravada pelas várias polémicas sobre o seu traçado (lembre-se o caso de Serpa e de Loulé), só mesmo nos últimos três anos é que a linha foi efectivamente montada desde Lisboa até Faro. Mas isso são contas doutro rosário, que não interessa aqui contar.
Depois daquela viagem experimental, importa frisar que foi a 1-7-1889 que chegou o primeiro comboio de passageiros a Faro. Nessa viagem inaugural chegava a Faro pela primeira vez o Dr. Ludovico de Menezes, conceituado veterinário e notável escritor a quem o Algarve muito deve. Extractamos de uma carta sua uma breve passagem em que descreve essa primeira viagem:
“Confirmo que foi precisamente num primeiro comboio, que eu, em 1 de Julho de 1889, desembarquei em Faro, estando a estação e cercanias repletas de povo que fora assistir ao feliz espectáculo da chegada.
Ao desembarque, um moço que tomou conta da minha mala, levou-me ao Hotel Nicola, através de ruas embandeiradas e janelas floridas de ranchos e damas em “toilettes” alegres e claras, abrigando-se do ardor daquele quente sol de Julho sob o pálio das papoilas floridas das suas umbelas. Ali me destinaram um exíguo quarto de segundo andar, escassamente mobilado e ali adormeci até vir o criado avisar-me que eram horas de jantar.
Nesse dia ao entardecer e depois do jantar, fui tomar lugar entre os cavaqueadores que discutiam alegremente o festivo acontecimento à porta da Havaneza, onde no interior, a dentro do balcão, pontificava António Tavares, seu proprietário, auxiliado por um rapaz de Albufeira, de nome Eduardo, se bem me lembro...”
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