quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ao maestro Rebelo Neves


O Dr. Joaquim Magalhães escreveu este soneto em homenagem ao maestro António Rebelo Neves, que no dia 3-10-1944 completava 70 anos de idade e por isso se via compelido à reforma como professor de música e de Canto Coral no Liceu de Faro. Os seus colegas foram á residência do velho amigo prestar-lhe uma singela homenagem na qual o Dr. Magalhães lhe dedicou o seguinte soneto

Nesta luta de morte que é a vida,
quantas vezes caímos de cansaço
e outras tantas voltamos para a lida,
depois dos dissabores, rijos como aço?

É dura a caminhada na subida,
mas com fito no ideal, longínquo e baço,
não pode esta alma nossa ser vencida
e há-de alcançar a meta, além, no espaço.

Chegar aos setenta anos representa
uma vitória bela na disputa
sem dó e sem piedade com a morte;

e os deste bom amigo são setenta
de trabalhos, de esforços e de luta,
tendo a Beleza sempre como norte.

A Câmara Municipal de Faro, sensibilizada com as homenagens que os antigos alunos e cidadãos farense prestavam ao maestro Rebelo Neves, decidiu criar pela primeira vez a «Medalha da Cidade» para assim galardoar as pessoas que pelos seus serviços prestados ao município merecessem a honra de ser distinguidos e relembrados para sempre. A primeira figura, aliás para a qual foi criada a própria medalha, foi o maestro Rebelo Neves. Esta decisão foi tomada em Dezembro de 1944.
Por sua vez a Junta de Província do Algarve, por iniciativa do seu presidente Dr. José Correia do Nascimento, associando-se às homenagens, decidiu mandar editar todas as composições musicais do maestro.
Com efeito essa edição surgiu em Maio de 1946, no formato de álbum, com algumas das mais belas composições musicais do maestro António Rebelo Neves. Essa compilação ficou com a título de Canções portuguesas sobre versos de poetas algarvios e outros. Na verdade, podem-se nesse álbum colher belas músicas sobre poemas de João de Deus, Bernardo de Passos, Cândido Guerreiro, Emiliano da Costa, António Pereira, João Nobre, Schiappa Roby, António Boto, Afonso Lopes Vieira e João Rodrigues Castelo Branco, retirado do Cancioneiro de Garcia de Resende. No total são quinze composições musicais de grande talento e qualidade artística.
J.C.V.M.

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