domingo, 12 de julho de 2009

Largo da Palmeira em Faro


Por razões de alargamento da rua que circunda a actual Praça Ferreira de Almeida, foi a majestosa palmeira, que lhe dava a designação popular, abatida em finais de Fevereiro de 1950. Resistiu ao tempo e às agressões humanas durante meio século, pois fora mandada plantar em 1900 pelo então presidente da edilidade, Prof. João Rodrigues Aragão, docente no Liceu (cujas instalações ficavam na Rua do Município, onde é hoje a Polícia Judiciária) que foi uma das figuras mais conhecidas do seu tempo, pela sua vaidade e jactância politiqueira. Como era muito enfatuado e até arrogante, o povo chamava-lhe D. Pavão, havendo logo quem o criticasse pela ideia da palmeira, com a seguinte quadra

Som pavão aqui plantou
Neste largo uma palmeira,
Diz o povo que passou:
Ai Jesus, que grande asneira!...

Permaneceu ali, altiva e esbelta meio século, embasada num plinto de pedra, com uma peanha à volta para na sua sombra se reunir o concílio dos velhos do Restelo, que era um grupo de cidadãos idosos com um certo prestígio social que se divertiam a criticar as inovações e modernices das novas gerações.
As raízes da palmeira eram tão profundas que as chuvadas foram cavando na sua profundidade uma espécie de galeria que servia para os miúdos brincaram às escondidas. Disso se lembrava com saudade o Prof. Doutor Adelino da Palma Carlos quando lhe perguntei, uma vez em Lisboa, se ainda se lembrava da sua terra natal, ao que ele me retorquiu com a narrativa de um episódio da sua meninice passado no Largo da Palmeira, cujas raízes abriram um profundo buraco onde costumavam os moços guardar o arsenal bélico das suas brincadeiras.
A Palmeira estava então situada no mesmo lugar onde hoje se encontra o quiosque no extremo sul do largo.
J. C. Vilhena Mesquita

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