sábado, 18 de julho de 2009

Testamento à Mãe Soberana


Quando em Março de 1946 se procedeu à abertura do testamento de Manuel Joaquim Pedro, morador no sítio do Poço do Peso na freguesia de S. Sebastião em Loulé, que acabara de falecer solteiro com 61 anos e sem herdeiros directos, verificou-se com alguma estupefacção que aquele cidadão deixara o grosso da sua fortuna à Mãe Soberana, avaliado nesse ano em dois mil contos.
Das disposições testamentárias extractamos a parte que confirma aquela doação:
“Deixo os meus bens à Comissão Administrativa da Senhora da piedade, com obrigação de não poderem vender ou por qualquer forma alienar os mesmos bens, e o seu rendimento ser exclusivamente empregado em obras do Culto ou festas a favor da Padroeira, fazendo todos os anos uma festa junto da respectiva Ermida e distribuindo-se, no dia anterior ao da festa, a quantia de 500$00 em dinheiro aos pobres...”
“... que todas as disposições feitas a favor da Comissão Administrativa serão fiscalizadas pela Autoridade Administrativa do Concelho.”
Pelos vistos esta doação ocorreu ao legador como forma de arrependimento da sua maneira especial de ser e, sobretudo, pela vida dissoluta que levava.
Este legado à Mãe Soberana tem sido alvo de acesa discussão, deixando a Comissão Administrativa na posse de uma fortuna, hoje avaliada em alguns milhões de euros, cuja rendimento não parece ser significativo mas cuja transacção deixaria à Igreja um avultadíssimo pecúlio.

J.C.V.M.

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