segunda-feira, 13 de julho de 2009

Casa de Espanha no Algarve

Em 13-1-1929 o antigo Círculo de Espanha, que se havia fundado em Faro pela comunidade espanhola aqui residente, decidiu em assembleia geral adoptar a designação de «Casa de Espanha no Algarve», procedendo de imediato à eleição da sua Junta Directiva, constituída pela seguintes personalidades: Manuel Valverde (presidente), Juan Perxes (vice-presidente), Ricardo Montes (tesoureiro), Jaime Company (secretário), Manuel Leandro e Rafael Dias Cortada (vogais).
Todos estes indivíduos foram empresários bastante considerados pela sua competência profissional, inteligência e grande admiração pelo nosso país, que se fixaram com sucesso na cidade de Faro, inscrevendo-se naquela instituição vários compatriotas seus que se radicaram noutras localidades do Algarve.
O presidente da Junta Directiva, Manuel Valverde, era o magnata proprietário da Central Eléctrica Farense, figura muito distinta, da primeira sociedade local, e de reconhecida benemerência. Os seus descendentes, que prosseguiram o negócio da distribuição de electricidade á cidade, acabaram por aceder à pressão do governo para nacionalizar a rede eléctrica, saindo do Algarve para a Andaluzia natal. Julgo que não existem hoje descendentes directos deste Manuel Valverde, que obviamente não conheci, mas de quem possuo uma caricatura feita a lápis pelo Sidóneo, um dos maiores artistas plásticos do Algarve, cuja memória também já vai caindo no esquecimento.
A central eléctrica do Valverde produzia energia através de enormes geradores (creio que de origem alemã) movidos a fuel-oil, os quais faziam um barulho impertinente e quase insuportável. Para além disso provocavam uma enorme poluição, injectando os gases directamente na atmosfera, através duma chaminé, que por não ser muito alta, inundava com dióxido de carbono o Largo da Sé, a tal ponto que nas noites húmidas de Inverno quase intoxicavam os jovens internos do contíguo Seminário de S. José. Por isso é que as muralhas do velho Castelo, restauradas em 1940, por ocasião das Comemorações dos Centenário, causaram grande espanto aos técnicos dos Edifícios e Monumentos Nacionais, porque não esperavam vê-las assim... quase tisnadas.


J.C.V.M.

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