quarta-feira, 22 de julho de 2009

GRANDE HOTEL da Praia da Rocha


Inaugurou-se a 1-5-1932 o Grande Hotel da Praia da Rocha, cujas obras de remodelação das antigas instalações do Casino lhe permitiram na altura ser considerado um dos melhores equipamentos turísticos do país, não só pela beleza do seu traço arquitectónico, como também pelas suas condições de higiene e pelos serviços modelarmente organizados para servir as mais singulares exigências dos seus clientes, previsivelmente estrangeiros. A sua construção veio preencher uma lacuna há muito sentida na cidade de Portimão, cujas potencialidades para o turismo ficava progressivamente demonstrada, na afluência anual de estrangeiros e de turistas nacionais, oriundos dos mais diversos quadrantes do país.
O empresário Saldanha Lima foi o promotor da ideia de construção de um Grande Hotel na Praia da Rocha, concitando à sua volta avultados meios financeiros de diversos investidores que acreditaram nas suas propostas de desenvolvimento do turismo na Praia da Rocha. Por isso foi, na época, considerado um homem de visões largas e um benemérito do progresso algarvio. Para explorar aquela magnífica unidade hoteleira foi constituída a «Empresa Hoteleira Praia da Rocha Ld.ª», de que era gerente Saldanha Lima, a qual deu trabalho a muitos portimonense e algarvios em geral. Encarregou-se da gerência técnica daquela empresa hoteleira o algarvio José Jacinto dos Santos, ao tempo um dos raros portugueses habilitados com um curso de hoteleiro concluído numa escola estrangeira.
Na festa da sua inauguração, celebrada no Dia do Trabalhador, uma data não muito do agrado da ditadura, decorrer com toda a pompa e circunstancia, na presença das principais autoridades civis, políticas e religiosas da região.
Abriu as portas ao público com 80 quartos, distribuídos pelos três andares do edifício, pelos quais se distribuíam várias casas de banho, tendo uma espaçosa sala de jantar, servida por ampla e moderna cozinha. Os aposentos comuns realçavam-se pela modernidade e conforto do mobiliário, assim como merecia nota de particular destaque a sua bem distribuída e sofisticada iluminação. Possuía ainda dois magníficos e muito extensos terraços, o maior dos quais debruçado sobre a praia.
O Hotel da Praia da Rocha além de ter sido um dos melhores do país foi também um dos mais frequentados, pois que o seu gerente, José Jacinto dos Santos sabia cativar os clientes com a sua amabilidade, a sua prestimosa e diligente atenciosidade, a sua esfuziante alegria e elegância de trato. Outro dos trunfos da empresa era o sócio Adelino Rocha, cuja simpatia envolvia de carinho e reverência todos os clientes do Hotel, que nos anos iniciais pertenciam à melhor estirpe social, sendo em parte gente da finança e dos negócios que visitava a nossa província.
Não esqueçamos que o Grande Hotel servia de apoio ao Casino da Praia da Rocha, cuja inauguração das obras de remodelação se efectuaram na mesma data. O preço da diária no Hotel partia duma base de 20$00 a que acresciam os custos do serviço de mesas.
Por sua vez a Sociedade da Praia da Rocha, adjudicou em finais de Junho de 1934 à Empresa do Casino Internacional da Foz do Douro – que já explorava o jogo na zona da Povoa de Varzim - os direitos de exploração do jogo no Casino da Praia da Rocha. Nessa altura, aquela empresa do norte mandou logo remodelar as instalações do velho edifício do casino da Praia da Rocha, para assim se adaptar aos tempos modernos e oferecer melhores condições de conforto aos seus clientes.
Para terminar, importa referir que o Grande Hotel foi construído no local onde outrora se encontrava o modesto Hotel Viola, verdadeiro precursor do turismo balnear na Praia da Rocha. Ao seu lado direito figurava, nos anos quarenta, o não menos imponente Hotel da Bela Vista, que rivalizava, ainda que não em qualidade, com o Grande Hotel.
Nos inícios da República, por volta de 1912, o Hotel Viola, mas sobretudo o próprio Casino da Praia da Rocha animava os seus clientes com animados bailes, muito chiques e na mais requintada exuberância da moda com alegres polcas, mazurcas e sobretudo valsas a dois e três tempos, dançadas com rigor, habilidade e romantismo. Nesses bailes eram eleitos os melhores dançarinos, que eram premiados com interessantes trofeus, depois cantados em satíricos versos ou gazetilhas de Jerónimo Buísel, recitadas por sua filha Maria Isabel nas noites dançante do velho casino.

J. C. V. M.

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